Sermão comovente e tradições peculiares marcam paraliturgia do Encontro em São João del-Rei

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O calendário litúrgico indica que ainda está no período quaresmal, mas, em São João del-Rei, o clima de Semana Santa chega sempre com semanas de antecedência. É a comemoração dos os, uma das mais autênticas e legítimas tradições da histórica cidade do Campo das Vertentes. Preservada há mais de dois séculos, a festa paralitúrgica recorda o tocante encontro de Jesus e Maria durante a Via Crucis.

A programação maior iniciou na Sexta-feira (28/03), com o Depósito de Nossa Senhora das Dores. Saindo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a imagem da Virgem Dolorosa foi encaminhada para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. O mesmo ocorreu com a imagem do Senhor Bom Jesus dos os, que, em depósito, foi direcionado a Igreja de São Francisco de Assis, na noite de sábado, 29.

Como de costume, o quarto domingo da quaresma amanhece diferente na cidade. Quaresmeiras, amêndoas e rosmaninho são alguns dos símbolos que “ornamentam”, ainda mais, a solenidade. Os tradicionais sinos, e suas peculiaridades, também completam a simbologia, afinal, é nessa festa que eles (os sinos) entram em disputa e realizam o magnífico combate.

O repertório musical é o mesmo executado há mais de duzentos anos. Também o costume popular de beijar três vezes a fita do Senhor dos os, alternando com agens debaixo da cruz (que a imagem traz às costas), contornando o andor em sentido anti-horário, é muito antigo.

Visão, audição, olfato, tato e paladar são provocados e estimulados, de muitas formas. Na cor roxa dos tecidos, das roupas das imagens, das flores que enfeitam os andores, das fitas que adornam os sinos. Nas músicas, sons, melodias, vozes. Através dos instrumentos, no toque dos sinos, na marcha das bandas, ou os motetos da Orquestra Ribeiro Bastos como “O Senhor Deus”, “Miserere”, “Popule Meus”, “O Vos Omnes” e “Adoramus Te”.

No fim da tarde, os olhares dos fiéis se direcionaram para as duas imagens de roca, ornamentada em seus respectivos andores. O comovente Encontro das duas piedosas imagens, relembrando um dos momentos mais tocantes do drama da redenção da humanidade, aconteceu novamente na Praça Barão de Itambé (Largo da Câmara), através da narrativa de Dom Edmar José da Silva, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Durante o sermão, o sacerdote falou sobre o encontro de Jesus e Maria e o aprendizado que este fato traz para os cristãos. “Estamos reunidos para recordar e trazer para o coração uma fato que aconteceu há mais de dois mil anos e que continua sendo uma fonte inesgotável de ensinamento e força espiritual. Esse encontro não é narrado pelas Sagradas Escrituras, mas o povo cristão foi introduzindo ao longo do tempo, este salutar costume de refletir esse encontro de Jesus e Maria a caminho do calvário. Apesar de não termos detalhes desse encontro, podemos pressupor que foi marcado por muita dor e sofrimento. Não existe amor sem dor”, conclui Dom Edmar.

O bispo ainda falou sobre a importância em se viver em comunidade. “Não tem como viver a fé plenamente, afastado da comunidade cristã. A fé tem uma dimensão comunitária. É na comunidade que se alimenta a fé e fortalece a vida para seguir caminhando no mundo”.

Na chegada do cortejo na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Dom Edmar José da Silva proferiu o Sermão do Calvário.

Com informações: Lucas Silveira/Diocese São João del-Rei.

 
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